Literatura - Leonard Cohen - "A brincadeira favorita"


Leonard Cohen escreveu dois romances ao longo de sua brilhante produção musical e poética nas últimas quatro décadas. Há quem considere Cohen “maior” do que Bob Dylan. Em 1959 – com apenas 24 anos – o compositor canadense partiu para Inglaterra e Grécia para escrever seu primeiro romance, “A brincadeira favorita”, publicado esse ano no Brasil pela editora Cosac Naify. Com o prefácio do escritor gaúcho Daniel Galera, a obra narra a infância e juventude de Lawrence Breavman – alter –ego do autor – judeu de um bairro nobre de Montreal.  Crítico mordaz de seus semelhantes e com propensões à carreira literária, Breavman  desfila  seu “veneno existencial” ao lado do fiel amigo Krantz – cúmplice de todas as horas e responsável pela cicatriz no rosto do amigo em uma brincadeira de infância; para o narrador “uma cicatriz é o que acontece quando a palavra se faz carne”. No início da juventude, Breavman se muda para Nova Iorque, onde uma vastíssima coleção de mulheres – em plena  ebulição comportamental da década de 60 – ocupará seu tempo e principalmente, sua obra. “A brincadeira favorita” atesta o gênio de Leonard Cohen, que o mundo  confirmaria alguns anos depois.
Trechos escolhidos : “Ele odiava os homens flutuando no sono dentro das grandes casas de pedra. Porque a vida deles era ordenada e seus quartos, arrumados. Porque acordavam toda manhã e iam para os empregos públicos.Porque não dinamitariam as fábricas nem fariam orgias diante de uma fogueira.”
                                “Shell sentia um afeto genuíno por ele. Precisava recorrer a essa expressão ao avaliar seus sentimentos. Isso a deixava mal, pois não queria dedicar a vida a um afeto genuíno. Não era o tipo de tranqüilidade que queria. A elegância de um casal dançando era notável apenas porque a graça advinha de um doce conflito carnal. Do contrário seria um teatro de bonecos, algo hediondo. Começou a conceber a paz como conseqüência da desgraça".

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