Entre 1964 e 1971 o "Solar" recebeu moradores ou "agregados" como Paulo Leminski, Gal Costa, Caetano Veloso, Paulinho da Viola, Itala Nandi, Cláudio Marzo, Tim Maia, Cristóvão Buarque, Paulo Coelho, Aderbal Freire Filho...e a lista é interminável! Desde cariocas cansados da opressão do entorno familiar - a atriz Betty Faria abriu mão de um amplo apartamento em Copacabana em que vivia com o pai General - até Naná Vasconcelos, emigrado de sua Pernambuco natal em busca da carreira musical na cidade maravilhosa. A conjunção aluguel barato + ambiente libertário, traçou o perfil dos moradores locais; jovens com sede de revolução.
O casarão em estilo colonial, com a apenas dois andares, formava um jardim retangular, cenário de festas, encontros e até de uma "missa leiga" realizada nos últimos dias antes da desapropriação do imóvel; nesse jardim, Caetano Veloso imortalizou o lugar nos versos de "Panis et circencis": "Mandei plantar/folhas de sonho no jardim do Solar...."
O texto de Toninho Vaz propicia uma leitura fácil, ao ritmo dos acontecimentos da época - dos festivais de música ao Ato Institucional Nº5 - e é inevitável a vontade de mergulhar nos anos 1960, e ter vivido "o sonho", que logo depois, se tranformaria no pesadelo dos "anos de chumbo" do governo Médici.Trecho escolhido: Depoimento do repórter e ex-morador Telmo Wambier: "Houve um momento em que a coisa começou a endurecer e a Polícia finalmente apareceu no Solar. A notícia vazou antes, acho que por conta da Dona Jurema, e tivemos tempo de nos prevenir. Eu e o Jeferson enchemos uma mala de livros consideramos subversivos e enterramos no jardim do Solar. Tinha Marx, Engels, Lenin...hoje posso dizer que, sobre o melhor pensamento socialista da história da humanidade, nasceu o maior templo de consumo do Rio de Janeiro, que foi aquele shopping. São os paradoxos da vida."
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